É bem verdade que dois dos maiores alicerces de uma Nação é o seu passado e sua tradição. No Brasil não faltam exemplos de sólida tradição, sejam em relação aos nossos costumes, aos nossos símbolos ou à nossa própria História. Um capítulo interessante dessas tradições são as Ordens honoríficas do Império, como a Imperial Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo, Imperial Ordem de São Bento de Avis e a Imperial Ordem de Sant’Iago da Espada
Imperial Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo
À esquerda: Tela de uma caravela portuguesa. à direita: Insígnia da Ordem Imperial de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Logo após a Proclamação da Independência do Brasil, foi conservada a Ordem de Cristo como insígnia religiosa, admitida enquanto Imperial Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo, por lei de 20 de Outubro de 1823, posteriormente regulamentada pelos decretos Nº 321 (de 9 de setembro de 1843), e Nº 2853, de 7 de dezembro de 1861. Essa ordem de cavalaria, mais conhecida como “Ordem de Cristo”, que, retomando a questão da tradição, apesar de ser brasileira, tinha raízes muito profundas, pois foi inspirada na Ordem Militar de Cristo, portuguesa, que, por sua vez, remonta à medieval Ordem Suprema de Cristo (Ordine Supremo del Cristo), portanto, cheia de tradição histórica e religiosa.
I À esquerda: Selo da Ordem dos Cavaleiros Templários. À direita Capela templária em Cressac-Saint-Genis, França.
De acordo com alguns estudiosos, o nome da Ordem Suprema de Cristo tem origem na Ordem de Cristo dos Cavaleiros Templários. Vale destacar que a “Cruz de Cristo” foi o primeiro signo da história de nossa heráldica. Nas palavras de Milton Luz, em A História dos Símbolos Nacionais:
“Eram as ‘rubras insígnias’ referidas por Pero Vaz de Caminha e que, pintadas no velame das dez naus e três navetas que compunham a esquadra de Cabral, testemunharam a nossa Descoberta. Uma bandeira branca, tendo inscrita esta Cruz, fora entregue por El-Rei D. Manuel ao capitão-mor da Armada, quando da sua saída de Belém, onde estivera arvorada na capela do Restelo.”
Conta ele ainda,
“Depois do achamento da nova terra, Pedro Álvares Cabral ‘fez missa, a qual disse o padre Frei Henrique’. ‘Ali era com o Capitão a bandeira de Cristo, com que saiu de Belém, a qual esteve sempre alta, da parte do Evangelho.’ ”
Portanto, a Cruz de Cristo foi o primeiro símbolo ocidental que as terras que viriam a ser o Brasil conheceram. A Imperial Ordem do Nosso Senhor Jesus Cristo foi a segunda ordem imperial brasileira que teve mais titulares, ficando atrás apenas da Imperial Ordem da Rosa. A condecoração era feita tanto para civis quanto para militares no Brasil e seu caráter religioso estava atrelado à necessidade da divulgação e manutenção do Cristianismo.
À esquerda: Ordem de Cristo Portuguesa. À direita: Insígnia de Comendador da Ordem Imperial de Nosso Senhor Jesus Cristo. Brasil, século XIX.
A pessoa agraciada com a comenda deveria ter realizado serviços excepcionais que tivessem resultado em utilidade notável e comprovada para a religião, para a humanidade e o Estado. Um aspecto religioso dessa ordem era que todos aqueles que eram agraciados deveriam investir-se do hábito em uma igreja que possuía tais prerrogativas e por um eclesiástico, que então concedia ao agraciado o direito de professar a ordem. O Imperador era seu Grão-Mestre e o Príncipe Imperial o seu Comendador-mor.
A Ordem de Cristo foi emitida em três tipos:
- Grã-Cruz, que usava o distintivo em uma faixa à tiracolo do ombro direito para a esquerda, além da estrela no lado esquerdo do peito. (Eram no número de 12 efetivos);
- Comendador, que usava uma insígnia pendente de uma fita ao redor do pescoço;
- Cavaleiro, que usava o distintivo em uma fita no lado esquerdo do peito (também em número ilimitado).
Todos os agraciados com as dignidades dessa Ordem deviam prestar um juramento de fidelidade à Pátria e também ao Imperador.
Cada nível diferente de gradação tinha mantos específicos. Vejamos o que disse Jean Baptiste Debret acerca dos mantos de gala da Ordem de Cristo:
“O uniforme de gala dos cavaleiros de Cristo nas cerimônias religiosas constitui-se unicamente do manto da ordem com o crachá do lado esquerdo do peito; essa condecoração compõe-se de uma grande cruz branca, muito estreita, colocada no campo vermelho de outra mais larga de metal. O conjunto é cercado de raios de prata e encimado por um coração envolvido numa coroa de espinhos com uma pequena cruz vermelha. Este acessório pertence somente aos dignitários. O manto, fechado na frente por alamares, desce apenas até o estômago, deixando de fora a metade dos braços. Embora de fazenda extremamente leve, pois é feito de crepe branco, usa-se para maior comodidade toda a parte inferior enrolada sobre o peito com uma cinta de algodão branco (cordão) cujas enormes bordas pendem na frente. Toda essa passamanaria é cuidadosamente trabalhada.”
Pin Imperial Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo comercializado pela Von Regium
Em 1843, o Imperador D. Pedro II reformou a ordem e tornou-a uma ordem nacional através do Decreto Nº2853. A partir dessa nova regulamentação, as três ordens brasileiras de origem portuguesa perderam seu caráter religioso e passaram a ser honoríficas apenas, tendo D. Pedro II como seu Grão-Mestre. A chancelaria que cuidava dos registros da ordem pertencia ao Ministério dos Negócios do Império do Brasil.
Segundo o site da Casa Imperial do Brasil, a insígnia era composta por uma Cruz latina vermelha, potenciada, vazada por cruz latina branca.
Pin Imperial Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo comercializado pela Von Regium
A Imperial Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo foi extinta após o golpe militar republicano, em Decreto Nº277 do Governo Provisório, de 22 de março de 1890.Foi Gilbert Keith Chesterton que, brilhantemente, disse “Tradição significa conceder votos à mais obscura de todas as classes: nossos ancestrais. É a democracia dos mortos. A tradição recusa submeter-se a essa arrogante oligarquia que meramente ocorre estar andando por aí.” E é baseado nessa Tradição, que a Von Regium decidiu evocar novamente a lembrança da Imperial Ordem de Cristo e trazê-las para perto de vocês, Patriotas! De todos os nossos “pedaços de História” travestidos de produtos lançados até agora, talvez este seja o que tem o maior peso da Tradição em sua forma de ser. Ele nos arrasta a um tempo muito antes da formação do Brasil, ao mesmo tempo, diretamente responsável por ela! São séculos de História que você, a partir de agora, poderá ostentá-la onde quiser.
Adquira esta parte de nossa História e ajude-nos a divulgar, ainda mais, entre os seus conhecidos a Real História do nosso Império!
Ordem de Avis
A Imperial Ordem de São Bento de Avis tem inspiração na Ordem Militar de São Bento de Avis (portuguesa), a qual, por sua vez, remonta à medieval Ordem de São Bento de Avis, uma ordem religiosa, mas também militar, de cavaleiros portugueses que foi criada em Portugal, no século XII, para defender a cidade de Évora dos Mouros. Ou seja, estamos nos referindo a uma ordem que tem origem quase que milenar e, por isso, carrega com ela uma grande quantidade de tradição.
À esquerda: Insígnia da Imperial Ordem de São Bento de Avis. À direita tipos da Imperial Ordem de São Bento de Avis.
Uma das teorias mais aceitas por estudiosos informa que a Ordem de São Bento de Avis originou-se em Portugal no século XII, sob o governo de D. Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal.
Pin Imperial Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo comercializado pela Von Regium
No Brasil, por meio do Decreto de 9 de setembro de 1843, o Ministério do Império destituiu o caráter religioso da Ordem, que foi definitivamente extinta após a primeira constituição republicana ter sido criada, em 1891.
Pelo decreto n.º 4328 de 15 de novembro de 1901, criou-se uma medalha honorífica que leva seu nome, reservada a condecorar militares brasileiros das três armas. Também, a Ordem do Mérito Militar, criada por decreto n.º 24660 de 11 de junho de 1934, apresenta a cruz florenciada em referência à Imperial Ordem de Avis.
Ordem de Santiago
A Imperial Ordem de Sant’Iago da Espada também remonta a uma Ordem portuguesa (Ordem Militar de Sant’Iago da Espada), que, por sua vez, tem origens na Ordem Militar de Santiago, que é uma ordem religiosa militar de origem castelhano-leonesa instituída por Afonso VIII de Castela e aprovada pelo Papa Alexandre III, mediante bula papal outorgada em 5 de julho de 1175.
À esquerda: Insígnia da Imperial Ordem de Sant’Iago da Espada. À direita tipos da Imperial Ordem de Sant’Iago da Espada.
Conta-nos Manuel J. Gandra:
“A presença da Ordem de Santiago em Portugal está documentada desde cerca de 1172, tendo desempenhado parte ativa e de relevo na Reconquista. Até à sua autonomização de Castela, no século XIII, o ramo português da Ordem, constituiu a comenda-mor de Portugal. O reconhecimento da autonomia do ramo português da Ordem de Santiago da Espada ocorreu em 1288, mercê da bula Pastoralis Officii, do papa Nicolau IV.”
A Imperial Ordem de Sant’Iago da Espada foi criada pelo primeiro imperador do Brasil. Pode-se dizer que foi por ele “nacionalizada”, já que a Ordem já existia em Portugal. O curioso é que no país luso a referida ordem se consolidou como um mérito à literatura, ciência e arte, enquanto no Brasil foi concedida quase que exclusivamente a militares. Com exceção da Imperial Ordem de D. Pedro I, a de Sant’Iago foi a ordem honorífica brasileira que teve menos galardoados.
Pin da Imperial Ordem de Sant’Iago da Espada comercializada pela Von Regium.
Referencias:
Casa Imperial
POLIANO, Luís Marques. Ordens honoríficas do Brasil.
PINHEIRO, Artidóro Augusto Xavier. Organização das Ordens Honoríficas do Imperio do Brazil. São Paulo : Jorge Seckler & C., 1884.
LUZ, Milton. A História dos Símbolos Nacionais. Brasília: Senado Federal, Secretaria Especial de Editoração e Publicações., 2005.
As comendas honoríficas e a construção do Estado Imperial (1822-1831), por Camila Borges da Silva.
GANDRA, Manuel J. Ordens Luso-brasileiras e suas insígnias. Rio de Janeiro: Mafra, 2017.
É TUDO MUITO BEM FEITO E BELO, MAS PODIAM FAZER TAMBÉM ITENS MAIS USUAIS DO DIA A DIA DO BRASILEIROS MÉDIOS, COMO POR EXEMPLO, FAZER COLARES COM ESSA PEÇA.
Sou patriota, posso dizer que o mais belo no Brasil é o povo e a natureza. Porem temos que estudar e repassar adiante a verdadeira história de nosso país, para ligar o passado ao presente através do conhecimento, e assim viver e não só existir. Viva o Brasil, viva o nosso Príncipe brasileiro.