Não é de hoje que percebemos Bandeiras do Brasil Império com alguma diferença aqui, outra acolá, entre os modelos divulgados. Algumas aparecem com o forro da coroa vermelho, outras aparecem com o forro verde. Vale ressaltar, inicialmente, que a cor correta do forro, por convenção heráldica, é vermelho, pois a coroa heráldica não é necessariamente a coroa física. Dito isso, alguns modelos modificam a própria coroa e outros possuem mais (ou menos) estrelas, enquanto o Laço (ou Tope) Nacional ora aparece vermelho, ora azul, ora verde e amarelo.
Com toda certeza, este era um assunto que a Von Regium não poderia deixar passar em branco, tendo em vista que alguns de nossos produtos teriam que reproduzir o Laço da Nação. Como prezamos sempre pela divulgação da nossa História em uma ótima qualidade de produtos, tivemos que pesquisar, consultar historiadores, pesquisadores da área e especialistas em heráldica para poder ter a certeza de que estaríamos oferecendo um produto digno do seu (e do nosso) Amor pelo Brasil: o mais verdadeiro possível.
Bandeira Imperial comercializada pela Von Regium
Mas o que é heráldica e a vexilologia?
A Heráldica é uma ciência-arte antiquíssima que rege a elaboração e confecção de brasões de armas pessoais e institucionais, civis e religiosos, da nobreza ou não. O primordial na heráldica não é o desenho em si, mas sua descrição. Um brasão, antes de ser desenhado graficamente, é desenhado textualmente. A Carta de Armas é o documento que o armigerado recebe de quem o brasonou. Ou seja, “brasonar” é o ato de se descrever o brasão. Neste documento, o texto conduz às peças, número, cores, elementos externos ao escudo, lema, entre outros. Já “embrasonar” é o ato de se desenhar um brasão. Este ato depende unicamente do artista. Assim, desde que respeitado o documento ou decreto de criação de um brasão, a arte é livre de cada heraldista. Com isso, a forma, o tamanho e outros elementos podem ser conduzidos por ele, desde que não desrespeite o que está previamente escrito.
A Vexilologia é uma ciência moderna que estuda e rege a elaboração de bandeiras. Ela foi criada para estimular os artistas a confeccionar pavilhões, sejam nacionais, municipais, pessoais, institucionais ou religiosos, tendo em vista algumas regras de boa-feitura, como por exemplo a simplicidade, o uso de poucas cores, a memorização, a exclusividade. Esta ciência induz o artista a pensar uma bandeira de tal modo que seja facilmente confeccionada em tecido à mão. Por isso, a vexilologia aconselha a não se conceber bandeiras com muitos elementos curvos, ou mesmo a utilização de textos ou brasões. Os vexilólogos trabalham com regras gráficas mais exatas, de forma a que as bandeiras possuam sempre o mesmo desenho, independentemente de quem as desenha ou replica, utilizando da padronização modular.
Em 1822 os vexilólogos não existiam como cientistas, e por isso a Bandeira Imperial fora criada tendo por base a heráldica. Já o Brasão Imperial foi criado primordialmente para o desenho, antes da descrição. Por isso temos algumas dessas incertezas modernas, como o Laço (formalmente chamado Tope) Nacional, que era um emblema posto no braço das fardas como símbolo nacional. Hoje em dia, a utilização do Tope está mais atrelada às rosetas colocadas nas lanças dos mastros de bandeiras de gabinetes ou de desfile.
Roseta do Tope Nacional atual (Wikipédia)
No dia 18 de setembro de 1822, onze dias após o Grito do Ipiranga, D. Pedro cria o emblema através de um decreto. No texto de tal documento, o Imperador confirma as cores que deverão constituir o Laço Nacional, como está transcrito abaixo:
“(…) Hei por bem, e com o paracer do Meu Conselho de Estado Ordenar o seguinte: O Laço, ou Tope Nacional Braziliense, será composto das côres emblemáticas – verde de primavera, e amarelo de ouro – na fórma do modelo annexo a este Meu Decreto. A flôr verde no braço esquerdo, dentro de um angulo de ouro, ficará sendo a Divisa voluntaria dos Patriotas do Brazil, que jurarem o desempenho da Legenda – INDEPENDENCIA OU MORTE – lavrada no dito ângulo.”
O Verde escolhido faz referência à Casa de Bragança, enquanto o Amarelo, à Casa de Habsburgo. Uma homenagem ao próprio D. Pedro I e à sua esposa, D. Maria Leopoldina, o primeiro casal de imperadores de nossa Real História.
A confusão existiu não por má-fé, mas por desconhecimento de alguns, ou mesmo por associação com alegorias heráldicas. Uma dessas associações diz respeito ao costume de se representar abaixo do escudo (espaço na heráldica reservado aos “prêmios” ou condecorações) a Imperial Ordem do Cruzeiro unindo os ramos, como no Grande Brasão de Armas apresentado no timbre da Lei Áurea. Alguns artistas começaram a desenhar o brasão imperial com o laço azul, assim como a fita da dita Ordem.
Brasão representado na Lei Áurea de 1888, com os ramos atados pela Imperial Ordem do Cruzeiro (CEDOC)
Com o advento da Internet, o compartilhamento de imagens contribuiu para a propagação desta confusão. Um erro compartilhado muitas vezes, durante muito tempo, tende a se transformar, erroneamente, em uma verdade ou uma tradição consolidada. A questão do laço vermelho seguiu esta linha, quando uma pessoa (seja dos tempos imperiais ou modernos) o desenhou nesta cor e esta arte foi propagada como verdade.
(E) Brasão Imperial com laço vermelho e contorno alegórico no escudo (Wikipédia) | (D) Brasão Imperial desenhado com forro verde e laço verde e amarelo (fórum Brasil Imperial)
Cabe ressaltar que o desenho do brasão do Império do Brasil histórico não pode ser modificado nem mesmo por ato da Casa Imperial, pois esta só tem ingerência sobre o símbolo pessoal da Casa (o Brasão com o escudete de Orleãns). Em uma eventual restauração, o Brasão do Império poderia ser reformulado pelo Estado brasileiro. Somente com ato oficial, poderíamos acrescentar 27 estrelas ao escudo. Antes disso, esta alteração formaria um brasão alegórico, não histórico.
Portanto, a querela do Laço Nacional, para nós da Von Regium, não possui muito sentido de existir, tendo em vista que foi o próprio D. Pedro I quem determinou que cores o Laço deveria ter. O Império do Brasil não revogou tal decreto, permanecendo, desde então, as cores Verde e Amarelo do Tope Nacional, justamente o símbolo que une os ramos de Café e Tabaco de nossa Bandeira. Da mesma forma com que utilizamos o forro da coroa em vermelho e 20 estrelas no escudo, conforme o II Reinado.
Veja mais em: Fórum Brasil Imperial
Por que o cafe e taabaco?
Eram as riquezas do Brasil na época!
São as duas maiores riquezas da terra na época, o que parece até hoje o Brazil é o maior exportador dos mesmos.
Era a produção da época, que o Brasil exportava para Europa, ou seja, o meio que dava riqueza ao Brasil e ao seu povo!
As cores do laço devem representar as cores nacionais, o verde e amarelo de nossa constituição Real.
O pano interno da coroa de D.Pedro II confeccionado em verde.
Não existe ascendência que justifique o uso do vermelho em nossa Bandeira.
Errado! O forro da forma heráldica da coroa imperial brasileira sempre foi na cor vermelha de acordo com a sugestão de Félix Émile Taunay, pintor francês que era diretor da Academia Imperial de Belas Artes, na qual lecionava desenho, pintura, língua grega e literatura. Isso por questão de tradição heráldica! E não só no primeiro reinado mas também como no segundo!… Sem contar que a Cruz da Ordem de Cristo também é vermelha junto com branco! E o próprio nome Brasil vem da cor vermelha, o pau-brasil que deu nome ao nosso país tem esse nome devido a sua coloração avermelhada que se assemelha a brasa.
Gostaria de fazer uma sugestão, postem o brasão imperial separado da bandeira também, vocês estão corretos em embrasonar tal brasão de forma correta, confeccionando a bandeira imperial brasileira dando uma forma fixa pra ela, pra que a mesma seja usada em tempos modernos, já que existem diferenças significativas nos modelos das atuais bandeiras imperiais brasileiras apresentadas, como na cor do laço e no forro da coroa imperial. Então pra ajudarmos a ter uma fixa como tem a golpista republicana, mandem pra mim em tamanho grande o brasão imperial que se encontra no centro da bandeira separado da mesma, em fundo branco, pra que eu possa ajudar a divulgá-lo e com isso fortalecer o movimento monarquista. Com a restauração futura do Império, a bandeira pode ser decretada como vocês a lançaram. Por favor, mandem no meu e-mail: bruno.campagnone@hotmail.com
Fico no aguardo! Um abraço!
Fiquei com uma dúvida. No texto de D. Pedro I ele fala que as cores do laço representam o “verde de primavera, e amarelo de ouro”. Logo abaixo vocês dizem: “O Verde escolhido faz referência à Casa de Bragança, enquanto o Amarelo, à Casa de Habsburgo”. Então verde Primavera/amarelo ouro são representados no laço; e verde Bragança/amarelo Habsburgo são representados no retângulo/losango?
Olá Marcelo,
O Verde primavera e o amarelo ouro era um tipos de cor. como nós dizemos atualmente verde claro, verde bandeira, azul marinho entre outros.
Atenciosamente,
Vitor
Boa noite, muito bonita a matéria sobre o laço nacional. conheço a respeito do decreto de Dom Pedro I, porém a Casa Imperial, está muito ligada ao laço vermelho, pois, até o príncipe eleito deputado federal Luiz Phellipe, postou no face uma bandeira antiga dele com o laço vermelho, e aparentemente o chefe da casa imperial, defende a diversidade de cores no laço, contrariando a determinação do próprio ante passado dele. Eu pessoalmente gosto da brasilidade de Dom Pedro I, porém seus descendentes não adotaram.
É verdade, e a cruz em cima da coroa é vermelha também.
Olá! Vos parabenizo pelo esclarecimento desta questão recorrente, muito grato! Todavia, possuo outra indagação: Vocês ainda possuem algumas unidades da estatueta do Magnânimo? E se não, quando haverão de as receber?