Quando irrompeu a Guerra do Paraguai (1864-1870), envolvendo a Tríplice Aliança (Brasil, Argentina e Uruguai) contra o Paraguai do ditador Solano López, o Exército Brasileiro estava totalmente despreparado para um conflito em larga escala. O nosso país não dispunha de grandes recursos bélicos e não possuía um corpo militar numeroso, nem instruído. Por causa dessa situação grave, o Imperador Dom Pedro II decidiu convocar os brasileiros (Voluntários da Pátria) a partir do sentimento patriótico que, com tanto esforço, vinha sendo construído na recente Nação.
À esquerda: Antiga Igreja Matriz de Curitiba PR – Recepção aos Voluntários da Pátria do Paraná em abril de 1870 | À direita: Cabo de esquadra do 1º Corpo de Voluntários da Pátria – 1865 (Acervo da Fundação Biblioteca Nacional)
No dia 7 de janeiro de 1865, através do Decreto nº 3371, o Imperador tomou uma decisão estratégica determinando a criação dos corpos militares denominados Voluntários da Pátria. Tais corporações receberam este nome pois, em seu início, o alistamento era facultativo, sendo mais tarde obrigatório. Portanto, a criação dos Voluntários da Pátria tinha a intenção de reforçar o efetivo das forças militares brasileiras.
Dom Pedro II, tocado pelo anseio patriótico e tendo pleno conhecimento do seu dever como Soberano, afirma aos seus ministros o desejo de ir pessoalmente à Uruguaiana (Rio Grande do Sul), ocupada pelo exército inimigo. Entretanto, temerários por seu Imperador, os ministros o desaconselham. Dom Pedro, então, ganha consentimento ao ameçar abdicar do trono e alistar-se com cidadão comum.
Com seu sentimento cívico aflorado, o Imperador faz questão de realizar o trajeto até a guerra com os novos alistados. Ao chegar em Uruguaiana, apresentou-se como “Primeiro Voluntário da Pátria”, servindo de exemplo maior para a população brasileira.
Pedro II usando trajes típicos durante uma visita ao Rio Grande do Sul – 1865 – Fotografia de Luigi Terragno (Acervo da Fundação Biblioteca Nacional)
Os alistados como Voluntários traziam no braço esquerdo um distintivo dourado, em forma de “V” com a inscrição “Voluntário da Pátria”, encimado pela Coroa Imperial.
Insignia dos Voluntários (Acervo do Museu Histórico e Pedagógico Voluntários da Pátria – Araraquara)
Foram mais de 60 Companhias de Voluntários, com Patriotas de todas as províncias do Brasil e somando um total de 37.928 homens, dos quais 40% perderam a vida, foram feridos ou ficaram inválidos.
Uniformes dos soldados que combateram na Guerra do Paraguai (detalhe para as insígnias de Voluntário da Pátria no braço esquerdo)– 1867 – Desenhos de Hendrik Jacobus Vinkhuijzen (Acervo da Fundação Biblioteca Nacional)
Se naquela época tínhamos um Chefe de Estado capaz de abdicar do trono para defender a nação, hoje a moral da Pátria está jogada na lama pelos que nos representam, contaminando o povo como um vírus, que se deixa levar pelos maus exemplos dados. A tradição, o patriotismo e o interesse pela História do Brasil são os antídotos para essa doença. O exemplo cívico dado no passado pelos Voluntários da Pátria é urgente nos dias de hoje. Assim como eles, nós também podemos cumprir o dever de dar bons exemplos e espalhar a verdade histórica sobre o Império brasileiro, que tanto nos orgulha.
Rendição de Uruguaiana – 1865 – Litogravura de Victor Meirelles (Acervo da Fundação Biblioteca Nacional)
Ser um Voluntário da Pátria não exige muito. Quando se tem consciência do que sua terra natal representa, você esquece qualquer diminuta diferença entre as regiões e une-se àquilo que realmente te faz grande: o sentimento de pertencer à uma Nação gloriosa, cujos homens públicos nem sempre foram como os que aí estão. Um país formado por pessoas que realmente acreditavam que o destino do Brasil é ser como o seu território e o seu povo: Grande.
Fazer renascer esse símbolo, que tantos heróis carregaram em seus braços, é uma forma que encontramos de dizer o quanto podemos fazer pela Nação. Nós podemos ser os herdeiros do Patriotismo de outrora e, por mais que o verdadeiro patriotismo esteja em nossos corações e atitudes, nós decidimos tentar transfigurar parte dele nessa insígnia.
Reconhecendo os esforços dessas dezenas de milhares de patriotas, nós da Von Regium decidimos homenageá-los, assim como lembrar que podemos ser os novos Voluntários. É a ação voluntária de conversar com as pessoas sobre o real período, convidando-os a conhecer as grandes personalidades e o trabalho da Família Imperial, que conseguiremos restaurar o país.
Fontes:
BARMAN, Roderick; YAMAMOTO, Sonia (trad.). Imperador Cidadão. – São Paulo: Editora Unesp, 2012.
CALMON, Pedro. História de D. Pedro II. – 5 v. – Rio de Janeiro: J. Olympio, 1975.
OLIVIERI, Antonio Carlos. Dom Pedro II, Imperador do Brasil. – São Paulo: Callis, 1999.
SCHWARCZ, Lilia Moritz. As barbas do Imperador: D. Pedro II, um monarca nos trópicos. – 2ª ed. – São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
VAINFAS, Ronaldo. Dicionário do Brasil Imperial. – Rio de Janeiro: Objetiva, 2002.
WIEDERSPAHN, Henrique Oscar. Das guerras Cisplatinas às guerras contra Rózas e contra o Paraguai, in: Enciclopédia Rio-grandense, Editora Regional, Canoas, 1956.
DECRETO nº 3.371 – de 7 de Janeiro de 1865. (camara.leg.br)
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