Possivelmente, o símbolo nacional que mais desperta o sentimento patriótico em alguém é a bandeira. Não é para menos, pois desde a Antiguidade, em Roma, tecidos pintados com cores vivas eram utilizados para identificação de determinados grupos. Mas foi durante a Idade Média que essa prática se fortaleceu.
Nos tempos medievos, para evitar uma confusão em campo de batalha e grupos de um mesmo lado atacarem-se sem a intenção, os exércitos utilizavam pedaços de pano presos a um estandarte com alguma simbologia (cores, sinais) de identificação da companhia envolvida.
Por mais que existam algumas regras heráldicas, países determinam suas bandeiras por diversos motivos, desde a utilização de cores nacionais, formas e palavras que remetam à tradição nacional. Existe até mesmo uma ala das Ciências Sociais que estuda a história e o simbolismo das bandeiras: a vexilologia.
A Bandeira Imperial do Brasil possui muitos significados relacionados à nossa própria História. Ela revela muitos elementos significativos sobre a formação do caráter nacional. A começar pelas cores principais escolhidas para sua composição: o VERDE e o AMARELO. Desde muito cedo, aprendemos erroneamente que a ligação dessas cores está nas nossas matas e riquezas. Contudo, o ensino dessa versão das cores se popularizou durante os governos republicanos, que não tinham o interesse em perpetuar uma ligação entre a sociedade e a monarquia no Brasil. O real sentido escolhido para essas cores está na heráldica das famílias reais Bragança, de Portugal e Habsburgo, da Áustria, representando, respectivamente, D. Pedro I e Dona Leopoldina, o primeiro casal imperial do Brasil.
Esboços de Jean-Baptiste Debret, 1822
O retângulo verde e o losango amarelo, segundo alguns, representariam antigos símbolos ligados ao masculino (escudo tradicional) e o feminino (lisonja).
Decreto de 18 de setembro de 1822
Dá ao Brazil um escudo de Armas.
Havendo o Reino do Brazil,de quem Sou Regente, e Perpetuo Defensor, declarado a sua Emancipação Paolitica, entrando a occupar na grande familia das Nações o logar que justamente lhe compete, como Nação Grande, Livre e Independente; sendo por isso indispensavel que elle tenha um Escudo Real de Armas, que não só distingam das de Portugal, e Algarves até agora reunidas, mas que sejam caracteristicas deste rico e vasto Continente: E Desejando Eu qu se conservem as Armas que a este Reino foram dadas pelo Senhor Rei D. João VI, Meu Augusto Pai, na Carta de Lei de 13 de Maio de 1816, e ao mesmo tempo rememorar o primeiro nome, que lhe fora imposto no seu feliz descobrimento, e honrar as 19 Provincias comprehendidas entre os grandes rios que são os seus limites naturares, e que formam a sua integridade, que Eu Jurei sustentar: Hei por bem, e com o parecer do Meu Conselho de Estado, Determinar o seguinte: – Será d’ora em diante o Escudo de Armas deste Reino do Brazil, em campo verde uma Esphera Armilar de ouro atravessada por uma Cruz da Ordem de Christo, sendo dirculada a mesma Esphera de 19 Estrellas de prata em uma orla azul; e firmada a Corôa Real diamantina sobre o Escudo, cujo lado serão abraçados por dousramos das plantas de Café e Tabaco, como emblemas da sua riqueza commercial, representados na sua propria côr, e ligados na parte inferior pelo laço da Nação. A Bandeira Nacional será composta de um paralelogrammo verde, e nelle inscripto um quadrilatero rhomboidal côr de ouro, ficando no centro deste o Escudo das Armas do Brazil. José Bonifacio de Andrada e Silva, do Meu Conselho de Estado e do Conselho de Sua Magestade Fidelissima o Senhor Rei D. João VI, e Meu Ministro e Secretario de Estado dos Negocio do Reino e Estrangeiros, o tenha assim entendido, e faça executar com os despachos necessarios. Paço em 18 de Setembro de 1822. Com a rubrica de S.A.R. o Principe Regente. José Bonifacio de Andrada e Silva.
Decreto de 1º de dezembro de 1822
Havendo sido proclamada com a maior espontaneidade dos povos a Independência política do Brasil, e a sua elevação à cathegoria de Império pela minha solemne Acclamação, Sagração e Coroação, como seu Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo: Hei por bem Ordenar que a Corôa Real que se acha sobreposta no Escudo d’Armas, estabelecido pelo meu imeperial Decreto de 18 de Setembro do corrente anno, seja substituída pela Corôa Imperial, que lhe compete, a fim de corresponder ao gráo sublime e glorioso em que se acha constituído este rico e vasto continente. – Paço, 1º de Dezembro de 1822, 1º da Independência e do Império. Ass.) – O Imperador. – José Bonifácio de Andrada e Silva.
À esquerda: Estandarte vertical (Acervo do Museu Imperial, Petrópolis) ilustrando como os escudos e as lisonjas eram representados na heráldica | À direita: Bandeira Imperial (Acervo da Casa Imperial)
Bandeira Imperial 1827 (Acervo da Igreja de Carmen de Patagones, Argentina)
A nossa REAL Bandeira nos traz o orgulho que parece perdido ou escondido em algum lugar do nosso coração. O orgulho de ser parte de uma Nação que já viu um Chefe de Estado como D. Pedro II, o brasileiro que mais amou este país e que sofreu uma das maiores injustiças. A nossa REAL Bandeira não é apenas um pedaço de pano pintado. Cada cor, cada forma, cada detalhe que vai surgindo em sua produção, o nosso Amor pelo Império do Brasil vai se impregnando junto. Somos patriotas e o orgulho interior que temos dessa Bandeira, o cuidado com que pensamos em cada detalhe, os estudos e tentativas de se chegar à imagem perfeita, é o que torna essa Bandeira especial. É ela que queremos compartilhar com outros patriotas. Com outras pessoas que amam o Brasil, se não pelo que ele é atualmente, mas pelo que ele foi e, principalmente, pelo que ele poderá ser novamente.
Ame o Brasil! Ame o Império!